Avançar para o conteúdo principal

Sabrina Fernandes e a crítica à teoria da ferradura

Isso na verdade era um texto pra Face, mas acabou ficando muito grande pros padrões de lá, então penso que jogar aqui no blog vai permitir as pessoas lerem com mais atenção e de forma mais agradável.

Já tem um tempo que eu penso que a Sabrina Fernandes é uma das influenciadoras mais danosas à política brasileira, e queria me posicionar sobre ela (já explico o porquê). Já estou também topando na internet com esse vídeo tem um tempo [1], alguns amigos já me recomendaram, vejo postando nos lugares. Depois de finalmente assistir, acho que responder a esse vídeo é uma boa forma de fazer uma crítica a ela, porque o assunto desse vídeo é também o núcleo da minha discordância com ela: as relações entre extremismo e centro político.

Primeiramente queria dizer que o vídeo me surpreendeu positivamente por achar a forma dela se expressar agradável, didática. Mesmo discordando dela, não consegui sentir uma antipatia da forma como sinto por outras figuras mais truculentas. Não foi a primeira vez que vi conteúdo dela, mas não tinha antes parado pra ver com tanta atenção.

Porém, eu também me surpreendi negativamente com a qualidade do conteúdo. Eu esperava discordâncias, mas não esperava que ela iria em seu vídeo apenas fazer espantalhos de forma tão simplista e injusta. Vou comentar então alguns pontos específicos da argumentação dela:

1) Sabrina para caracterizar a diferença entre esquerda moderada e esquerda radical (como ela prefere chamar a extrema esquerda) diz que a primeira dialoga e faz acordos com a direita moderada, enquanto a última prefere demarcar bem sua posição e evitar essas relações para preservar uma fidelidade a suas ideias. Ela chega a marcar bem o exemplo de que a esquerda moderada “faz acordo com agronegócio”, enquanto a esquerda radical rejeita.

Essa caracterização não poderia ser mais falsa. Sabrina quer passar uma boa imagem para o radicalismo, e demonizar os moderados. Esse exemplo é bastante pernicioso e equivocado, já que a esquerda moderada, no Brasil e no resto do mundo, é muitas vezes caracterizada pelo enfoque em pautas ambientais. Sabrina quer mesmo convencer que o que caracteriza o campo político de Marina Silva é se aliar a agronegócio? Do PV brasileiro? Dos partidos verdes pela Europa? Sim, Ciro Gomes, que é o que tem de pior na centro esquerda (e com um discurso que flerta muito com a extrema esquerda, autoritário, radical em pautas econômicas), ele em específico faz acordo com o agronegócio. Agora pintar isso como exemplo da centro esquerda é um espantalho, porque é um exemplo de exceção.

Além disso, essa forma de colocar demoniza a política. Sabrina quando faz isso está ativamente pregando a antipolítica, da mesma forma que os Bolsonaristas (mas calma, já vamos falar mais sobre essas comparações), pregando que é um erro moral dialogar com a direita, sendo que esse é o procedimento básico esperado numa democracia. Um bom político de centro esquerda, Felipe Rigoni, costuma dizer “Numa democracia eu não escolho com quem eu dialogo. Quem fez essa escolha por mim foi o povo, com o voto”. Se o povo na sociedade elegeu líderes de direita, é obrigação de um democrata dialogar e fazer acordos com eles. Ser contra isso é fazer antipolítica.

E teríamos exemplos mais construtivos desse tipo de política de negociação sendo feita? Porque falar de agronegócio? Porque não falar de quando a centro esquerda dialogou com a direita para aprovar uma lei antihomofobia? Porque não se fala quando a centro esquerda e a centro direita trabalharam juntas para aprovar o Bolsa Família? Assim como todas as boas políticas públicas e obras sociais que foram aprovadas no Brasil. Enquanto os extremistas de esquerda se recusavam e tentavam se opor (como fizeram ao Bolsa Família) as políticas que ajudam a população pobre estavam sendo feitas na centro esquerda.

Mas e a extrema esquerda? Ela se mantém em seus princípios? Porque então o partido que é o maior partido da esquerda radical, o PSOL, porque esse partido repetidamente se alia a direita e negocia privilégios para os mais ricos? Como quando eles votaram em peso para aumentar o teto do funcionalismo, na prática aumentando salário de juiz. Ou então quando eles nas últimas votações das reformas de previdência e seguridade, tentaram em cima da hora aprovar um aumento de privilégios para militares que já estão numa situação injustamente privilegiada frente o cidadão comum. Essa é a esquerda radical que se atém a princípios? Prevejo que alguns vão vir reclamar que não consideram o PSOL radical, mas aí me desculpa, se acha isso então a pessoa deve achar que radical é apenas uns 5 militantes puristas que vivem na floresta longe da sociedade.

2) A Sabrina acusa o centro de considerar os extremos “iguais”, e comparar Bolsonaro com figuras da extrema esquerda como Stalin e Maduro.

Primeiramente, retirando do caminho o mais fácil, comparações se faz com o que se quiser. O fato de comparar Bolsonaro com outros líderes autoritários no que eles têm em comum significa apenas isso: mostrar o que eles de fato têm em comum. Se eu comparo uma arara azul com uma borboleta azul, dizendo que ambas têm a mesma cor e voam, isso não significa que eu estou dizendo que araras são borboletas também, ou que uma borboleta é uma ave. Sabrina diz que essas comparações “irritam” ela, o que para mim mostra uma postura no debate público pouco madura. Pois comparações são uma ferramenta muito importante no debate político e no debate de valores.

Em segundo lugar, esse é um espantalho muito comum: será que o centro diz que a esquerda e a direita são exatamente iguais? É frequente essa reclamação “poxa, eu sou socialista, eu defendo igualdade de todos, eu não sou equivalente ao nazista que defende supremacia racial”. Não, obviamente não é, e nenhum centrista pensa isso. O centrista diz que os extremos têm características em comum, que agem de maneiras parecidas, justamente em suas estratégias políticas, no seu autoritarismo, na sua recusa ao diálogo democrático e ao fazer político (negociações, acordos, etc). Quando um centrista reclama “Bolsonaro é como Maduro” ele não está dizendo que ambos partilham das mesmas crenças políticas de base, ele está dizendo que em seu regime, ambos iriam dar forças desproporcionais a militares e tentar reprimir a liberdade de opinião e a divergência. E isso não é pouca coisa, isso é a base de uma sociedade democrática. É preciso admitir no que ambos são iguais. O discurso de extrema esquerda por exemplo vai frequentemente negar a legitimidade da democracia representativa, ou como podemos também chamar (de modo técnico) da democracia liberal. Vão explicar que a verdadeira democracia é outra, ou algum modelo de democracia direta, ou participativa. Caberia aceitar a crítica do centrista e admitir “Sim, eu e um bolsonarista nos igualamos na medida em que ambos rejeitamos a democracia liberal e propomos a instauração de outro sistema, embora nossas motivações sejam diferentes e o modelo de sistema que propomos também”.

Para exemplificar a “comparação injusta” dos centristas Sabrina fala que eles comparam em termos de “por exemplo, a Venezuela está em crise, e o Brasil está em crise, logo seus líderes são iguais ou parecidos”. Ela toma como se a comparação fosse arbitrária e pegasse um elemento alheio a estrutura política debatida (do debate esquerda/direita/centro). Porém a comparação não é essa, e não é de modo algum de temas arbitrários alheios o debate. Os temas são justamente o da aceitação das instituições democráticas e o da aceitação de diálogos e acordos (aceitação explícita, no campo dos ideais e da retórica, porque como já vimos no campo prático eles também fazem acordos funestos). Tanto Bolsonaro quanto Maduro prezam bem pouco pela democracia. Isso foi mostrado por exemplo com o Maduro usando métodos ilegais para se manter no poder (contra a própria constituição local), com a sua repressão a opositores políticos (limitando suas possibilidades legais de concorrer em eleições) e com seu apelo a forças militares para manter seu regime. Bolsonaro igualmente ataca o congresso e opositores, está tentando consolidar força para se manter no poder de modo inconstitucional (defendendo golpe, indo em manifestações que pedem fechada do Congresso e STF), e negocia o apoio de militares que estão por todo o seu governo assim como estão na Venezuela. Nisso, e precisamente nisso (que é o mais importante), eles são sim parecidos.

3) Sabrina afirma que a crítica do centro é uma crítica apenas da forma e não do conteúdo. Que não importa a forma. Para ilustrar ela pega um copo d’água e diz que um copo com água e um com ácido sulfúrico teriam apenas a forma igual e não conteúdo.

Ela analogia mostra um ponto muito perigoso no discurso extremista. Ela acaba sustentando que forma não importa, mas apenas conteúdo, já que não se deve criticar e comparar pela forma. Ou seja, não importa que uma extrema esquerda autoritária (que não é o único tipo de extrema esquerda) use a força dos militares para oprimir e matar, o que importa são seus ideais por trás daquilo. Não importa que um partido ou grupo militante se imponha pela força (de modo antidemocrático) o que importa é o que aquele grupo defende, se ele acha Marx mais legal que Adam Smith. Alguém me perguntaria: “mas não está sendo injusto, fazendo um espantalho da posição extremista? ” Não acho que seja o caso, porque isso é algo real que podemos ver no debate público. Frequentemente quem se coloca na extrema esquerda defende os desmandos de governos autoritários. Defendem sim abertamente (não todos, óbvio) o Maduro, que usa munição letal em manifestantes, ou a ditadura da Coreia do Norte, extremamente fechada e repressiva, ou mesmo as medidas totalitárias da China. Não existe um governo autoritário e repressor atual que não encontre ao menos alguns defensores na extrema esquerda (ainda que outros nesses grupos sejam contra). Isso porque a forma não importa, o que importa é o conteúdo.

Mas em política, Sabrina, forma é conteúdo. O assunto da política é a discussão das formas de organização social. O conteúdo primeiro da política é a forma como ela será feita. Fosse a discussão meramente de conteúdo sem forma, ela não seria política, seria sobre valores, sobre ética. A política é o aspecto formal de como organizamos as disputas sociais, e que sim, além disso tem conteúdo, valores, etc.

Já que a analogia é com ácido, que a Sabrina acentua que é perigoso em seu conteúdo, tenho uma comparação melhor. Ao invés de falar do copo, que o que importa é o que tem dentro, vamos pensar um aspecto formal extremamente reprovável. Um governo que use como forma de repressão jogar ácido em seus cidadãos. Se for desobediente, se não trabalhar o bastante, se escrever um texto pouco elogioso para o jornal, simplesmente joga-se ácido no cidadão. Isso é um aspecto meramente formal, é uma forma de repressão, uma tática de autoritarismo, e que poderia ser usado tanto por esquerda quanto por direita (e é inegável que ditaduras de esquerda já usaram táticas cruéis comparáveis). Aí eu pergunto: se o que importa é conteúdo, então seria aceitável isso? A esquerda poderia apoiar um líder que jogasse ácido nos cidadãos? Mas veja bem, ele faz isso pensando em bons ideais. Ele faz isso querendo a igualdade de todos, reprimindo com as queimaduras severas quem é um obstáculo para essa igualdade.  A forma não importa?

4) Sabrina diz que a teoria da ferradura coloca que o centro está superior, enquanto os extremos estão iguais.

Não se trata de os extremos estarem iguais. A ferradura propõe um novo “desenho” num diagrama político, sobre quem se aproxima de quem. Numa visão popular, que imagina o diagrama como uma reta, da esquerda à direita, nesse desenho o centro está mais próximo da direita, então para um esquerdista o centro é negativo. Quanto mais no extremo, mais longe você estaria das “coisas ruins”, e mesmo uma esquerda moderada, uma centro esquerda, já teria se corrompido um pouco. Essa visão é equivocada. A ideia de mudar o diagrama, mudar a imagem, é mostrar como se dão essas relações de proximidade. Numa ferradura as duas extremidades não estão longes uma dá outra, mas elas estão mais próximas entre si do que estão do centro. Próximas em que sentido? No sentido formal (que é o assunto da política), no sentido de que o centro defende uma posição democrática, um diálogo entre as diferentes ideias do povo, enquanto ambos os extremos não querem esse diálogo, mas fazem antipolítica, e podem usar meios autoritários para impedir esse diálogo. O extremo quer destruir o outro lado, não aceita que na sociedade alguém possa ter uma visão do outro lado (mesmo que moderada), e nisso eles são parecidos, porque eles defendem uma mesma organização social no aspecto da forma, que é uma organização que não permite ideias contrárias. Isso não é especulação, abstração. Não é coincidência que governos de extrema direita como fascismo e de extrema esquerda como stalinismo, ambos tinham muita repressão, e ambos perseguiam quem pensava diferente. O fato de terem diferentes conteúdos, ideais por trás, não tornou a opressão de um menor que a do outro. Falar que sim é ser insensível com todas as vítimas desses regimes terríveis. A meus amigos marxistas que lerem até aqui, é sempre importante lembrar que ninguém na história matou mais comunistas do que os ditadores de regimes socialistas, que perseguiam e matavam opositores políticos mesmo que também fossem comunistas. É isso que os marxistas deveriam defender? Deveriam dizer que não tem mesmo nenhuma proximidade entre um Stalin que matou tantos comunistas e outros autoritarismos?

5) Sabrina para explicar porque é contra a ideia de “diálogo” do centro, diz que o centro quer a média absoluta em todas as questões. Se a extrema esquerda quer que parem os feminicídios, e a extrema direita não quer que parem, então o centro quer que matem apenas metade das mulheres.

Francamente, aqui eu preciso dizer que eu me decepcionei. Até para os padrões do que a Sabrina estava defendendo, essa parte é simplesmente infantil. Uma mentira sem sentido mesmo, um espantalho tão falso e tão óbvio que eu não queria ter que estar aqui explicando, mas aparentemente eu preciso explicar porque muita gente acredita nisso.

Não existe isso de centro como meio termo exato. O centro se posiciona. O centro não é “indeciso”, o centro tem posições claras, e essas posições se baseiam em pegar um pouco dos dois lados, a parte boa dos dois. Nenhum centrista vai falar “o nazista quer matar negros, então vamos matar metade dos negros”. O centrista vai dizer “matar negros é inaceitável [2] e nesse assunto eu tenho que apoiar a esquerda”. Só que aí depois vai dizer “na pauta econômica a esquerda está errada, e eu preciso defender a ciência econômica como parte da direita faz, porque isso vai gerar mais riqueza para todos”. O centro escolhe pautas, e ele escolhe os assuntos individualmente. E muitos centristas podem discordar entre si e escolher diferente nas diversas pautas. O ponto é que eles não têm um compromisso de se manter fiel a uma tribo e comprar o pacote todo. Não tem um dilema comum em posições fora do centro como “hum, eu acredito nisso, mas não posso porque não é uma posição de esquerda”. O centro é livre para ser mais racional e pensar os assuntos um a um. Óbvio que pessoas nos extremos também podem fazer isso, mas eles têm menos incentivo e mais repressão, porque nos extremos é cobrado fidelidade à causa. Você não pode participar de grupos de extrema esquerda, mas aí começar a defender “hum, mas nesse assunto eu acho que o melhor é mesmo uma economia de mercado”, não, você vai ser reprimido, talvez ofendido, perseguido (e eu já fui pessoalmente perseguido por extrema esquerda).

6) Sabrina diz que esse discurso do centro é uma estratégia para se colocar como melhor que os extremos, e até uma estratégia eleitoral.

Ora, nesse ponto eu vou ter que concordar. É óbvio que o centro vai defender visões de mundo que tem mais a ver com seus interesses. É assim que funciona o jogo político. Se a pessoa de centro não achasse que é melhor ser de centro ela nem seria de centro para começar. O que não tem sentido é colocar como se isso fosse uma coisa só do centro: “olha só, tomem cuidado com esses interesses eleitorais” um extremista diria. E a extrema esquerda não tem interesses eleitorais? E essa narrativa que a Sabrina faz, essas distorções injustas e francamente pouco honestas, isso não tem também um interesse de colocar a posição dela como melhor? Ela está justamente dando desculpas para considerar a extrema esquerda como melhor, e demonizar o centro.

A questão não é a gente defender uma posição (e aqui vemos que ela parece admitir que o centro defende sim uma posição, e não uma média entre as duas), mas a questão é a gente comparar as posições e ver qual faz mais sentido com o mundo real. Faz mais sentido a narrativa da Sabrina (o centro quer média de mortes) ou a minha explicação de que o centro defende o diálogo democrático? Qual das duas visões você encontra no mundo real? Isso que cabe refletir.

Concluindo

Sabrina é uma figura danosa. Isso porque ela defende uma posição de extremismo (que prejudica o debate) e faz isso com argumentos ruins, distorções, espantalhos. O pior é que por sua retórica agradável, calma, ela consegue defender absurdos com um ar de “sensata” e infelizmente acaba convencendo muita gente de seu discurso.

Ainda assim, é obviamente muito importante que ela seja livre para defender suas posições no debate público. Porque a democracia é isso. Democracia é pessoas estarem erradas, e mesmo assim terem o direito de defender isso (claro, dentro dos limites democráticos e da lei), seja essa pessoa uma Sabrina, seja uma pessoa de direita. A beleza da democracia e do “diálogo do centro” é justamente poder defender sua liberdade de expressão, e com isso conseguir apontar seus erros, e se posicionar contra o seu discurso.

________________________________________________

[1] O link do vídeo da Sabrina Fernandes https://www.youtube.com/watch?v=OxOEw04NqBQ&feature=share&fbclid=IwAR3GZyTJeT7lv4k-_XpQvnSKu0F-KruP6dqYktRT6niDwpXZEKKFYOr4iJI

[2] Eu por exemplo escrevi bem recentemente nesse blog um texto condenando como inaceitáveis os assassinatos dos negros, de um ponto de vista democrático: https://rafilosofo.blogspot.com/2020/06/manifestacoes-antirracismo-e-destruicao.html

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Manifestações antirracismo e destruição de patrimônio: uma reflexão política

Nos últimos dias os conflitos sociais têm se intensificado. Já tem meses que o clima de conflito ocorre pela trajetória ainda forte da nova extrema direita (e a necessidade de se opor a ela), em conjunto com os problemas causados pela pandemia. De modo geral, no Brasil e no mundo, essa nova direita tendeu a ser irresponsável frente a pandemia, e aqui o Bolsonaro em especial teve um nível de irresponsabilidade absurdo e incomparável. Ainda assim, não se podia combate-lo propriamente, em decorrência da necessidade de acatar a pandemia, do cuidado com a saúde pública. Mas isso mudou.                 Nos EUA a gota d’água foi com o assassinato de George Floyd. Um homem capturado pela polícia em condições degradantes e assassinado (após o policial ficar mais de oito minutos ajoelhado no pescoço dele, ele faleceu), tudo isso por um suposto crime leve, de tentar passar nota falsa. O ocorrido estourou uma onda de protestos nos EUA, contra o recorrente assassinato de negros pela polícia. O ca

Bacurau é “as novas roupas do imperador”

Passado alguns meses e com eles sendo levado embora o hype finalmente peguei para assistir já bem atrasado o Bacurau. Acontece que pelo que eu sabia por cima da trama era um filme que não me interessava tanto. E não existe nada que tenha mais peso para impedir alguém de assistir um filme quando já pouco inclinado do que todos a sua volta insistindo “você precisa assistir esse filme, é muito bom”.  Eu não sou nenhum monstro de direita nem nada do tipo. Sou de centro-esquerda, moderado, e o que eu ouvi falar por cima, e as críticas que li, me fizeram ter a impressão que a narrativa era um tanto simplista do ponto de vista político. E por isso minha inclinação inicial a não assistir. Que durou uns meses. Recentemente vi algum comentário ou crítica na internet que me fez lembrar do filme e pensar que poderia valer a pena ver para avaliar, julgar por mim mesmo o que todos comentam. Foi uma tarefa árdua. Consegui acesso ao filme em meu computador, com esse erro eu poderia paus